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Literacia em saúde: o conhecimento que salva vidas e reduz gastos

Literacia em saúde: o conhecimento que salva vidas e reduz gastos

Cidadãos melhor informados sobre saúde serão necessariamente cidadãos mais capazes de tomar decisões acertadas, contribuindo não só para melhores resultados em saúde como também para poupanças a todos os níveis.


Publicado em 4 de Abril de 2022 às 18:29
Por Cofina Boost Content

Longe vão os tempos em que o conhecimento sobre saúde era um exclusivo dos médicos, com estes a assumirem um papel preponderante na tomada de decisões e adotando uma atitude que, hoje, se poderia considerar paternalista ou mesmo sobranceira. Atualmente, a situação é outra, com os cidadãos a acederem a cada vez mais informação sobre saúde, a poderem escolher onde, como e por quem são consultados ou tratados, e ainda a serem chamados pelos profissionais de saúde a partilhar decisões sobre intervenções, terapêuticas ou até sobre a participação em ensaios clínicos. Mas será que isto é sinónimo de mais literacia em saúde? E, se sim, será que o conhecimento dos cidadãos sobre o tema é suficiente? O que ganha, afinal, uma sociedade com mais literacia em saúde?

Mais literacia, mais saúde

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é possível definir literacia em saúde como “o grau em que os indivíduos têm a capacidade de obter, processar e entender as informações básicas de saúde para utilizarem os serviços e tomarem decisões adequadas de saúde”. A importância desta dimensão na vida de cada um, das suas famílias e comunidades é crucial, a ponto de Cristina Vaz de Almeida, presidente da recém-criada Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS) e diretora de uma pós-graduação sobre o assunto no ISPA – Instituto Universitário, afirmar que “a literacia em saúde salva vidas”. “Maior literacia em saúde significa mais cuidados com a saúde, maior prevenção de doenças, maior promoção da saúde”, refere a especialista, reforçando que “quem tem maior literacia em saúde tem assim um potencial acrescido de maior saúde, mais cuidados preventivos, menos hospitalizações, menos mortes prematuras, mais ativação sobre os determinantes da saúde e mais poder de decisão e escolhas acertadas em saúde, porque consegue aceder melhor aos recursos de saúde, compreender melhor e usar melhor os serviços e a informação disponível, melhorando o seu estado biopsicossocial, assim como o de todos os que dele dependem”.

Quem tem maior literacia em saúde tem um potencial acrescido de maior saúde, mais cuidados preventivos, menos hospitalizações, menos mortes prematuras, mais ativação sobre os determinantes da saúde e mais poder de decisão e escolhas acertadas em saúde.

Cristina Vaz de Almeida, presidente da recém-criada Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS) e diretora de uma pós-graduação sobre o assunto no ISPA

Também sobre as correlações que podem ser estabelecidas entre literacia em saúde e o estado de saúde dos indivíduos, Duarte Vital Brito, médico e especialista em comunicação em saúde pública e visualização de informação, lembra que “a literacia em saúde poderá até prever melhor o estado de saúde de uma pessoa do que o seu estatuto socioeconómico ou educação”. Isto porque “uma melhor literacia em saúde, nomeadamente sobre doenças específicas, permite aos doentes uma melhor gestão da sua própria doença, por exemplo, no caso dos doentes diabéticos ou hipertensos; maior adesão aos tratamentos, nomeadamente na toma de medicação crónica; maior perceção de risco sobre a importância de tomar medidas de prevenção antes de os problemas surgirem, por exemplo, no que diz respeito a consumo de álcool ou adesão a rastreios; e maior facilidade em detetar sinais de alarme, como os sinais de alerta para acidentes vasculares cerebrais”. “Tudo isto se traduz em menor mortalidade e maior qualidade de vida”, remata o clínico.

A literacia em saúde poderá até prever melhor o estado de saúde de uma pessoa do que o seu estatuto socioeconómico ou educação.

Duarte Vital Brito, médico e especialista em comunicação em saúde pública e visualização de informação

Reduzir a afluência às urgências com mais literacia em saúde

Maria do Carmo Silveira, Health Strategic Orchestration na Médis, corrobora a ideia, especificando que “um nível baixo de literacia pode levar-nos a reagir tardiamente a um sintoma, pode significar que fazemos menos do que devíamos pela nossa saúde, ou pode levar-nos a utilizar mal os recursos e serviços”. A este propósito, recorda que, “em 2019, 40% dos casos de ida às urgências eram de facto situações pouco, ou nada, urgentes”, o que leva a que se perceba a dimensão do problema e as suas implicações. No mesmo sentido, Duarte Vital Brito aponta a recentemente noticiada sobrecarga dos serviços de urgência hospitalar como “um exemplo prático de como uma menor literacia em saúde e conhecimento da navegação no sistema de saúde tem efeitos negativos”. “Numa altura em que o número de atendimentos nas urgências hospitalares se aproxima de valores pré-pandémicos, entre 30 e 40% representam situações que poderiam ser geridas em centros de saúde ou em casa”, afirma, destacando que “tal acarreta gastos financeiros bastante avultados, podendo atrasar a prestação de cuidados a quem deles mais necessita”.

Um nível baixo de literacia pode levar-nos a reagir tardiamente a um sintoma, pode significar que fazemos menos do que devíamos pela nossa saúde, ou pode levar-nos a utilizar mal os recursos e serviços.

Maria do Carmo Silveira, Health Strategic Orchestration na Médis

Situação portuguesa: a melhorar, mas ainda não chega

Em Portugal, dados do Health Literacy Population Survey Project 2019-2021 (HLS19) – pesquisa que mediu a literacia em saúde em 17 países da região europeia da OMS, incluindo o nosso país – revelam que 65% da população tem um nível suficiente de literacia em saúde, 22% apresentam um nível problemático e 7,5% um nível inadequado. A boa notícia é que estes números revelam uma evolução face a investigações anteriores, nomeadamente em relação ao relatório “Literacia em Saúde em Portugal”, publicado em 2016 pelo CIES-IUL, segundo o qual, 42,4% dos portugueses revelavam um nível suficiente de literacia em saúde, 38% apresentavam um nível problemático e em 11% este conhecimento era considerado inadequado. Cristina Vaz Almeida reconhece as “melhorias” observadas, mas avisa que ainda “há muito a fazer, muito terreno para desbravar nesta área”.

Analisando atentamente os dados, Duarte Vital Brito chama a atenção para o facto de que, no estudo mais recente (HLS19), apenas cerca de um terço dos portugueses considerar que tem literacia para navegar no sistema de saúde. “Poderemos dizer que as pessoas têm maior acesso a informação em saúde e até poderão compreender melhor as mensagens que lhes são transmitidas, mas continuam a ter dificuldade para as traduzir em ações práticas quando estas envolvem meios digitais e implicam a navegação num sistema de saúde complexo”, explica o médico. Recorrendo aos ensinamentos de Kristine Sørensen, especialista mundial sobre literacia em saúde e presidente da International Health Literacy Association, Duarte Vital Brito sublinha que “é fundamental garantir que as pessoas estão também preparadas para avaliar a informação em saúde a que acedem, compreender e utilizar no seu dia a dia”.

Poderemos dizer que as pessoas têm maior acesso a informação em saúde e até poderão compreender melhor as mensagens que lhes são transmitidas, mas continuam a ter dificuldade para as traduzir em ações práticas quando estas envolvem meios digitais e implicam a navegação num sistema de saúde complexo.

Duarte Vital Brito, médico e especialista em comunicação em saúde pública e visualização de informação

Tenho literacia em saúde, ou penso que tenho?

Uma outra pesquisa recente que veio contribuir para melhor compreender a realidade nacional no que toca à literacia em saúde foi o estudo “A Saúde dos Portugueses, um BI em nome próprio”, realizado pelo projeto “Saúdes”, em 2021, no âmbito dos 25 anos da Médis, uma marca do Grupo Ageas Portugal. Segundo Maria do Carmo Silveira, o que esta investigação “traz de novo em relação a dados anteriores e já conhecidos é a questão da autoconsciência”. Ou seja, esta investigação foca-se na “autoperceção que cada um tem de si e da sua saúde”, esclarece, justificando a importância desta dimensão com o facto de ser “o motor da maior ou menor ação individual sobre a saúde”. “No estudo que fizemos, apenas três em cada dez portugueses acham que o seu nível de literacia em saúde é baixo. O que isto quer dizer é que há um desfasamento entre a realidade e a autoconceção”, diz, acrescentando que “já sabíamos, pelo estudo do CIES-IUL, que a nossa literacia, como país, era baixa; o que ficámos a saber agora é que, além disso, as pessoas acham que têm mais literacia do que a que efetivamente têm”. Como consequência, conclui que “temos, portanto, um duplo problema para resolver: o da falta de literacia e o da falta de consciência sobre a mesma”.

O desafio é realçado também por Cristina Vaz de Almeida, segundo a qual, “se, por um lado, queremos decisões centradas na pessoa, por outro, queremos que as decisões dessas pessoas sejam conscientes, responsáveis e adequadas, para que possam escolher livremente, mas com efeitos positivos na sua saúde e em quem delas depende”. Como tal, a também editora-chefe do Jornal de Investigação Médica considera que “a literacia em saúde é o filtro para o maior conhecimento em saúde, consciente e credível, e os profissionais das várias áreas da saúde, incluindo a área social, da educação e outras, devem ser os maestros dessa interação”.

Já sabíamos, pelo estudo do CIES-IUL, que a nossa literacia, como país, era baixa; o que ficámos a saber agora é que, além disso, as pessoas acham que têm mais literacia do que a que efetivamente têm.

Maria do Carmo Silveira, Health Strategic Orchestration na Médis

Necessário mais investimento e envolvimento

Duarte Vital Brito acredita que “todos temos um papel a desempenhar”, no que diz respeito a elevar os níveis de literacia em saúde, apontando um vasto leque de indivíduos e entidades que podem contribuir: “Os profissionais de saúde devem ter formação para transmitir informações em saúde de uma forma mais simples, clara e ser capazes de orientar o utente no sistema de saúde; os utentes podem interessar-se mais pela sua saúde e envolver-se na tomada de decisão, em parceria com a sua equipa de saúde; os seus familiares e amigos podem ajudar a esclarecer dúvidas e aconselhar, com atenções redobradas para não partilhar conselhos que não sejam validados cientificamente; as associações profissionais, como a recém-criada SPLS, e as associações de doentes podem contribuir para produzir materiais informativos de elevada qualidade, promover debates que centrem atenção em temas relevantes; os decisores em instituições de saúde podem identificar necessidades e possíveis soluções junto de profissionais de saúde e utentes; e os decisores políticos podem planear formas de investimento sustentável em literacia em saúde.”

Melhorar a literacia em saúde da população passa, pois, pela necessidade inequívoca de investimento nesta área, o que, nas palavras de Cristina Vaz de Almeida, “requer passos certos, não muito longos, mas a olhar o horizonte”, ou seja, “estar na realidade e intervir no indivíduo, no grupo e na comunidade, mas olhar os benefícios da sociedade a longo termo”.

Elevar a escolaridade é fundamental

Apesar do investimento necessário e do envolvimento coletivo, há ainda outro fator relevante a considerar nesta temática e que Maria do Carmo Silveira destaca: “A literacia em saúde de uma sociedade está muito relacionada com o nível de escolaridade do país.” “Portugal tem feito enormes avanços a este nível, mas estamos ainda longe do ideal”, afirma, lembrando que “em 2019, 52% da população portuguesa tinha já o nível secundário. O número é excelente face ao passado, mas 26 pontos abaixo da média europeia”. Assim, reforça que “a educação da população é um ponto a trabalhar, mas temos de perceber que essa ação demora a surtir efeitos”. Como tal, considera que “há por isso uma obrigação do setor privado, sobretudo das empresas que trabalham direta ou indiretamente com a saúde, de ajudar. Pela sua responsabilidade para com o país e com a sociedade, em primeiro lugar, e porque serão diretos beneficiários de uma maior e melhor literacia”.

A educação da população é um ponto a trabalhar, mas temos de perceber que essa ação demora a surtir efeitos.

Maria do Carmo Silveira, Health Strategic Orchestration na Médis

Pandemia e literacia em saúde – qual a relação?

Se a literacia em saúde capacita os cidadãos para melhor compreender e tomar decisões relacionadas com a sua saúde, torna-se interessante compreender como é que esta dimensão terá contribuído, ou não, para uma melhor gestão da pandemia de covid-19. De acordo com Cristina Vaz de Almeida, “o que se passou na pandemia foi o espoletar de uma necessidade urgente de comunicação de crise e, por isso, as autoridades sanitárias portuguesas e europeias tiveram de lidar rapidamente com uma comunicação, em cascata, vinda da OMS diretamente, e adaptá-la às realidades nacionais”. Reconhecendo que “o esforço foi muito”, aponta, todavia, o facto de os vários especialistas nas áreas científicas terem sido “chamados a manifestar a sua opinião, no entanto, sem antes terem sido coordenados numa comunicação uniforme, mesmo que por vezes diversa”. “Mais tarde tudo melhorou, mas a opinião pública ficou com esses registos, muitas vezes opostos, de mensagens profundas de pessoas, à partida, credíveis”, explica, constatando que, posteriormente, “os peritos se alinharam mais, as autoridades sanitárias coordenaram e mostraram informação mais clara, assertiva e construtiva, utilizando meios diversos e as redes sociais”.

E como é que a literacia em saúde interferiu – ou poderia ter interferido – no processo? A professora universitária responde que esta valência “ajuda a comunicação de crise a posicionar-se corretamente seja nos cuidados de saúde, na prevenção da doença ou na promoção da saúde”, uma vez que “é o fator de consciência, de desvalorização do que não tem impacto, de acerto na comunicação-chave, e de consciência de triagem do que deve ser tomado em consideração do que são fake news”. No fundo, “a literacia em saúde, quando bem assimilada, passa a ser um atributo de personalidade, porque nos tornamos imediatamente atentos e compreensivos ao que se passa à nossa volta, para podermos agir em maior consciência sobre a nossa saúde e a dos outros”, resume.

Comunicar para prevenir

Tendo em conta que a saúde pública procura uma abordagem comunitária e mais abrangente, havendo frequentemente a necessidade de comunicar com grupos de pessoas, cidades ou países, é fácil concluir que “a comunicação deve estar presente, do início ao fim, de todas as intervenções”, sublinha Duarte Vital Brito, que refere como “a pandemia de covid-19 deixou clara a importância da comunicação na área da saúde, assim como o impacto que a adoção de comportamentos preventivos pode ter para evitar o contágio de doenças”. Contudo, “a prevenção em saúde não é um tema tão sexy como escândalos financeiros ou mesmo questões clínicas”, lamenta, pelo que “o seu valor como notícia acaba por ser reduzido e as pessoas perdem o sentimento de urgência em atuar”, até porque “o reflexo da prevenção não é imediato, frequentemente leva anos a produzir efeito”.

A comunicação é precisamente o instrumento usado pela literacia em saúde “para se conseguir a descodificação da complexa linguagem em saúde”, frisa Cristina Vaz de Almeida. Mas para que essa comunicação seja eficaz importa saber quem são os destinatários da mensagem a transmitir, sob pena de não se atingirem os objetivos desejados: “Comunicar com um jovem adolescente sobre violência no namoro ou fatores preventivos de adicções é diferente de comunicar com uma pessoa de 79 anos, diabética e com hipertensão, toda a estratégia muda.”

Comunicar com um jovem adolescente sobre violência no namoro ou fatores preventivos de adicções é diferente de comunicar com uma pessoa de 79 anos, diabética e com hipertensão, toda a estratégia muda.

Cristina Vaz de Almeida, presidente da recém-criada Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS) e diretora de uma pós-graduação sobre o assunto no ISPA

O design como ferramenta de literacia em saúde

Uma das áreas em que esta comunicação se pode desenvolver – concorrendo também para o aumento da literacia em saúde – passa pelo recurso ao design. “O seu potencial é particularmente relevante para chegar a pessoas com menor literacia, traduzindo mensagens complexas em ideias visuais simples e compreensíveis”, explica Duarte Vital Brito, que é também especialista nesta valência. Nas suas palavras, “o design aplicado à área da saúde pode melhorar a qualidade dos materiais produzidos, o funcionamento dos próprios serviços de saúde e até mesmo facilitar a monitorização de projetos e tomada de decisão, através do uso da visualização de dados de forma efetiva”.

Quanto a casos práticos da utilização deste recurso, há alguns positivos e que importa destacar, assim como outros que nem por isso: “Existem bons exemplos, como o uso de linhas de diferentes cores para orientar os doentes nas urgências hospitalares, o uso de autocolantes para promover o distanciamento físico entre pessoas durante a pandemia de covid-19 e alguns websites bem desenvolvidos. Por outro lado, são frequentes os centros de saúde onde podemos ver placares cheios de posters e folhas afixadas que acabam por confundir os utentes, panfletos informativos elaborados com enorme altruísmo, mas sem seguir boas práticas de comunicação”.

Diálogo multidisciplinar para uma parceria vencedora

Para que a literacia em saúde seja uma realidade, Duarte Vital Brito defende a necessidade de um diálogo multidisciplinar: “É necessário promover um maior trabalho em rede, não só nas faculdades [de Medicina], mas durante toda a vida profissional, pondo em diálogo médicos, enfermeiros, psicólogos, técnicos superiores, investigadores, comunicadores de ciência, jornalistas, designers, marketeers e políticos, entre outros.”

No mesmo sentido, Cristina Vaz de Almeida salienta que “além da comunicação em saúde, a literacia em saúde usa estratégias da psicologia da saúde, da gestão de conflitos, do marketing social, dos modelos, daí a necessidade de se prepararem e capacitarem todos os interessados em utilizar este instrumento que verdadeiramente salva vidas se bem aplicado e usado”. Este é exatamente um dos objetivos da SPLS, criada em janeiro deste ano e “fruto de um trabalho de campo e de investigação de mais de uma década”, como refere a sua fundadora e presidente. “Queremos crescer e contribuir de forma decisiva e construtiva para uma sociedade mais robusta em saúde, mais prevenida, com capacidade de tomar decisões mais conscientes”, sintetiza, referindo que além dos 21 sócios-fundadores, contam já com “mais de 40 pessoas interessadas em fazer parte desta sociedade”, todas com um percurso consistente na área da literacia em saúde.

Mas sabendo nós que, doentes mais bem informados serão sempre doentes mais empoderados, logo, eventualmente mais exigentes – por serem conhecedores dos seus direitos e estarem a par dos tratamentos mais inovadores –, importa perceber como gerir esta equação num contexto de recursos finitos e em que a sustentabilidade dos sistemas de saúde é uma questão a considerar. Maria do Carmo Silveira entende que “na verdade, não existe uma equação para gerir”. “O direito à saúde e ao melhor tratamento possível é uma ambição de todos: doentes, médicos, enfermeiros, hospitais e todos os profissionais, empresas, instituições e organismos ligados à saúde”, afirma, reforçando que “uma maior literacia só ajuda porque, na verdade, facilita a prevenção, o comportamento, o acesso, a gestão dos recursos e a sustentabilidade destes. Ganhamos todos mais e melhor saúde. É um win-win, na verdade.”